Hokusai vs Hiroshige: a cábula
Sabia que Hiroshige foi tão ou mais importante que Hokusai?
Noop, não fazia ideia até vislumbrar uma recente edição do "Sr. Tashen" que novamente me explica por A+B o porquê das coisas.
Ao contrário do que nos é ensinado e/ou dito, por detrás da influência japonesa no mundo ocidental no final do século XIX não se encontra somente Hokusai com a sua onda gigante.
Hiroshige foi um grande marco nessa época, tanto na Europa como no seu país, o Japão.
Algumas curiosidades a reter sobre Hiroshige e ideias para perceber o contexto:
- influencia-se de modelos europeus;
- as suas caricaturas são consideradas as percursoras da manga;
- o seu papel na Arte Europeia e no desenvolvimento da técnica da estampa equipara-se a Hokusai;
- o gosto japonês surge numa Europa em convulsão: industrialização e a introdução so conceito de cultura de massas;
- Hiroshige mostra o que os artistas europeus procuravam, "uma nova forma de ver o mundo e novos métodos de interpretação da realidade" (p.85-86);
- VanGogh copiou inúmeras estampas deste artista japonês. No seu entusiasmo preenchia as margens das suas estampas com caracteres inventados;
- entre os entusiastas artistas encontravam-se Whistler (o mesmo focado no filme do Mr. Bean), Manet e Claude Monet (conta-se que este último chegara a cobrir o interior de sua casa com estampas e transformado o seu jardim ao gosto japonês);
- Mary Mcneill Fernollosq (mulher do historiador de arte Ernest Fenollosa) identificou em 1901 Hiroshige como "o artista da neblina, da neve e da chuva" (p.91);
- Hiroshige, filho de samurais de nome Ando, nasceu em 1797 em Edo;
- as "53 Estações de Tokaido", que podem ser apreciadas na Gulbenkien (Lisboa), foram realizadas em 1832, dois anos depois das "36 vistas do Monte Fuji" de Hokusai;
- considera-se que a sua serie de "grandes peixes" se deverá a uma directa influência ocidental: acesso às enciclopédias zoológicas e o conceito de natureza morte inexistente na tradição da pintura Japonesa;
- no final da década de 1820 é introduzido no Japão o azul-da-prússia: beroai (azul Berlim).
# SCHLOMBS, Adele, "Hiroshige", Taschen, 2009.
Estas estampas, além de belas, mostram a grande perícia destes artífices: todas as nuances são conseguidas através da colocação de camadas de cor e pressão sobre as placas de madeira (recorrem à própria textura da madeira para animar a composição). Nunca é utilizado qualquer outro utensílio, como p.ex. o pincel.
Bastantes imagens da obra de Hiroshige, AQUI.