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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

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Os estranhos Horizontes de Waltercio

Metáfora sobre a sociedade ocidental, sobre as necessidades sócio-culturais de toda uma fragilidade humana crescente em nós

Uma metafísica do ser, uma transcendência emocional.

Putchi e Joaquim

 

Esta sátira representa bem a descrença que existe perante o mundo da Arte, e como um discurso cheio de nada pode ser debitado sobre qualquer suporte: seja cinéfilo (como o caso) como plástico ou teatral.

 

Talvez seja por esta descrença no mundo da Arte, que surgem artistas como Waltercio Caldas.
Segundo este, existe demasiada preocupação por parte dos artistas para que a sua obra seja entendida, levando-os a clichés que por vezes os desacredita perante os demais.
Desinteressa-se por uma exposição onde a preocupação maior seja a distribuição de explicações sobre o que se apresenta.

Waltercio defende que a Obra deve ter um retorno, mesmo quando o observador não a compreende/ ou apreende: esse sentimento de frustração é já de si um retorno.
Se a sua arte não nos disser nada, significará que o artista nem a deveria ter realizado. Nada será pior que a indiferença.

A sua exposição encontra-se patente na Gulbenkien até 4 de Janeiro 2009. Horizontes, foi concebida especialmente para esta galeria da CAM.

 

Não sou apreciadora de Arte Contemporânea e esta não foi a excepção, mesmo tendo-a visitado duas vezes.
Na segunda vez, adoptei uma posição que Waltercio tanto critica: a do observador que precisa que tudo lhe seja explicado. Fui inserida numa "tour", com uma guia que fez maravilhas para cépticas como eu - efectivamente guiou-nos, lançando inquietações, massajando-nos o cérebro como quem dá massagens cardíacas.

Para Waltercio, o mais importante numa exposição será aquilo que não nos recordamos.
Confuso o suficiente?
Nem por isso numa época onde a primazia é o imediato.
 

 

O Observador vê e até pode efectivamente estar horas perante algo, mas não se questiona, desiste e passa ao próximo.
Waltercio também não acredita que esteja a criar instalações: isso significaria que todo o ambiente criado e a actuação do próprio visitante estaria controlado - o que não é o caso.
Também não se considera um artista conceptual, pois a sua obra não vive do conceito mas do objecto em si: o objecto está lá, simplesmente se encontra deturpado - algumas vezes trata-se do negativo desse mesmo objecto.

 

A "tour" fez um exercício simples, que passou por trocar os nomes às peças. Foi engraçado verificar o quanto estamos agarrados ao que vemos de imediato, somente uma parcela do todo - novamente a relação com o imediato - descartando tudo o resto.

 

Horizontes é para mim uma exposição estranha, cheia de aros, pontos, esferas, com espelhos que se lançam da parede em nossa direcção e muitas texturas.
É estranha, esquisita, mas fiquei com vontade de conhecer mais este brasileiro que só tardiamente se dedicou à Arte a tempo inteiro.


Para esclarecimentos e ideias por quem sabe, clicar AQUI.