Gruta do Almonda - Seres da Escuridão
No âmbito da Ciência Viva no Verão, a Quercus, a STEA e investigadores da Univ. de Aveiro, conseguiram licença para visitar a bela e gigantesca Gruta do Almonda, a maior do país e uma das mais importantes da Europa pela sua importância nas investigações na área da geologia, arqueologia e biologia.
Fomos acompanhados pela investigadora Sofia Reboleira, que se encontra a desenvolver pesquisa e a catalogar as novas espécies que ultimamente tem encontrado, nomeadamente nesta gruta - no conjunto, já vão em 15.
As galerias do Almonda serviam e abrigo a animais de grande porte. A mais recente descoberta é desta sexta-feira: a equipa de um dos organizadores (e de que agora me falha o nome) descobriu vestígios de hienas que desapareceram há 800 mil anos.
Vestígios de um osso de urso.
Nas cavernas/ grutas podem ser encontradas 3 classes: os trogloxenos - os animais que, na falta de melhor descrição, tropeçam e caem na gruta; os troglófilo - aqueles que aí residem num determinado período da sua vida; e os troglóbios - aqueles que todo o seu ciclo de vida é feito na caverna.
Keep it simple...
A principal característica de uma gruta é a ausência de luz.
Depois será a sua humidade.
Os animais adaptaram-se a estas duas condicionantes. Mas as suas características também vêm da escassez de alimento, levando-os a tudo fazerem para poupar energia. Para poupar energia o seu organismo suprimiu funções na sua evolução (nomeadamente a hematose) e desenvolveu um metabolismo lento. Consequentemente são animais com uma longevidade de vida superior.
Nas cavernas podem ser encontrados espécies em diferentes estágios evolutivos. Ainda com olhos, com apenas uma pequena linha a sinalizar o local ou sem qualquer identificação deles; com asas, apenas membranas ou sem qualquer referência a elas, etc.
Ficamos ainda a conhecer a Teoria da Relíquia Climatérica que tenta explicar a existência de seres nas cavernas.
Isto e muito mais durante um almoço numa praia ou numa câmara gigantesca decorada de estalagmites translúcidas, enquanto se percorria um amplo campo de lâminas com metro e meio de altura ou nos contorcíamos num estreito cone, enquanto nos equilibrávamos no interior de uma convergência de falhas tectónicas ou nos refrescávamos nos poços de água límpida, armados em espeleólogos destemidos perante um abismo ou em biólogos de 1ª categoria perante um invertebrado "esquisito".
Penámos para entrar, penámos para sair, penámos enquanto por lá andávamos. No final, todos vinham de sorriso no rosto. Foi espectacular.