Fernão Telles de Menezes, desemparedado
"Estão a ver pela primeira vez. Não há UMA fotografia.
As primeiras fotografias são as de hoje!! (risos) Só há desenhos."
Dr.ª Marta Lourenço, investigadora do Museu da Ciência
No âmbito dos "100 locais - Comemorações dos 100 Anos da Universidade de Lisboa", a Politécnica ofereceu na sua visita o inédito e o insólito.
O tema, o "Eixo Chiado-Rato", versava sobre o edifício, as suas artes e funções, desde a sua construção inicial datada do século XVI.
Passamos pelo átrio, picadeiro, cavalariças e biblioteca.
Fiquei fã do Professor Fernando Pereira, com o seu entusiasmo ultra-contagioso.
O actual Museu encontra-se sobre as fundações da Quinta do Monte do Olivete.
O seu fundador, Fernão Telles de Menezes, "governador da Índia e depois do Algarve, ofereceu, em escritura de 18 de Dezembro de 1589, a sua Quinta do Monte Olivete para construção de um noviciado de jesuítas (Noviciado da Cotovia)."
O seu túmulo de seis (6) metros, andou a saltitar pelo edifício: primeiro na igreja do Noviciado, depois, "possivelmente no século XIX, durante a escola Politécnica, o túmulo foi transportado para as antigas cavalariças do Picadeiro, que entretanto foram transformadas em casas de habitação para funcionários da Escola e da Faculdade (...)".
Algumas cartas foram trocadas entre o inquilino e a direcção da Faculdade, dando conta de que haveria um túmulo de grandes proporções num dos quartos da habitação e como tal, era solicitada a sua retirada.
Sem resposta, o morador resolveu a situação emparedando o dito.
As diferenças entre as gravuras e o real saltam à vista, a começar pelos gigantescos e muito ornamentados elefantes.
Senti-me como um Indiana Jones de água-doce.
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Em óptimas condições de conservação, os trabalhos de limpeza estão prestes a iniciar-se e prepara-se a futura transferência para o seu local de origem: a igreja - actualmente o átrio do edificio.
Ainda que toda a situação seja caricata, não deixa de demonstrar a incúria e o abandono a que o nosso património cultural se encontra votado há anos. É o caso deste exemplar de Arte Funerária.
Na Politécnica pode ser visitada a exposição Memória dos Espaços da Politécnica.
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