Na Serra da Estrela, de madrugada.
Assistir a um nascer do sol na Serra da Estrela é algo que me custa em traduzir em palavras, correndo o risco de cair em clichés e redundâncias.
Assistir a um nascer do sol na Serra da Estrela é ver uma vastidão de terra que aos poucos sai da penumbra, e ver como os penedos se erguem como grandes guerreiros e que a escuridão que se recolhe, deixa a descoberto.
E depois vem o vento, aquela nortada que nos recorda que para ali sermos bem-vindos temos de com ele medir forças.
E ele ri, em coro com os meus companheiros, atirando os meus cabelos ao rosto enquanto me empurra e me faz deslizar sobre o gelo, como se fosse uma barra de manteiga sobre uma bancada quente.
E o frio?
Esse, depois da marca que nos deixa no rosto e nas mão petrificadas, desaparece no calor do campo de batalha em que se transforma o manto branco.
Uma batalha que desponta graças ao arremesso nada descuidado de uma bola de água gelada.