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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

Saiba como transformar um ser humano em objecto, com a conivência da comunidade civil.

No que parecia ser mais uma conferência sobre o marketing e a pressão que faz na sociedade - a isto designa-se por market-driving, em oposição ao tradicional market-orientation -, rapidamente transformou-se numa chamada de alerta para a realidade de situações que, se hoje são consideradas residuais, a médio e a longo prazo escalarão massivamente.

 

Apontamento: Market-driving, é o transformar o mercado, impondo-lhe novos valores. Acha exagerado o que esta comunicação apresenta?

Considere como hoje a prática de desporto se tornou numa necessidade básica, ou o no modo como os telemóveis de última geração se tornaram não um meio de estar contactável mas numa questão de inserção de grupo.

 

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"O que é que a Publicidade diz sobre as mulheres? Diz que o mais importante é o nosso aspecto. (...)"

"Crescemos numa cultura onde o corpo da mulheres é constantemente transformado em coisas, em objectos: aqui ela transforma-se na garrafa Michelob; nesta publicidade (imagem seguinte), ela transforma-se em parte de um jogo de vídeo."

 

 

 

"E isto está por todo o lado, qualquer que seja a publicidade. O seu corpo transforma-se em coisas e objectos."

 

Pior do que afectar a auto-estima da mulher, incute a noção de violência sobre a mulher.

"Transformar um ser humano num objecto, é sempre o primeiro passo para justificar a violência sobre essa pessoa (...), "esta é desumanidade e a violência torna-se inevitável, como o racismo, homofonia, como com o terrorismo."
Isto é um problema de saúde pública: a anorexia (a tirania da magreza), a violência, os valores."

 

Link do vídeo.

Observação adicional: aqui.

 

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http://www.mediaed.org

"Jean Kilbourne, Ed.D. is internationally recognized for her groundbreaking work on the image of women in advertising and for her critical studies of alcohol and tobacco advertising. In the late 1960s she began her exploration of the connection between advertising and several public health issues, including violence against women, eating disorders, and addiction, and launched a movement to promote media literacy as a way to prevent these problems. A radical and original idea at the time, this approach is now mainstream and an integral part of most prevention programs. Her films, lectures and television appearances have been seen by millions of people throughout the world. Kilbourne was named by The New York Times Magazine as one of the three most popular speakers on college campuses. She is the creator of the renowned Killing Us Softly: Advertising's Image of Women film series and the author of the award-winning book Can't Buy My Love: How Advertising Changes the Way We Think and Feel and co-author of So Sexy So Soon: The New Sexualized Childhood and What Parents Can Do to Protect Their Kids."

O Estado vazio de valores de serviço público.

"Está prestes a ser aprovada na Assembleia da República, um projecto de lei que vai ter um impacto brutal nos bolsos dos portugueses."

E em bom Português: estúpido. E pior: perigoso!


Qualquer suporte digital, esteja ele ou não ao abrigo da lei do direito de autor (recorda-se daquele DVD onde guarda as suas fotografias daquela festa de anos dos seus miúdos?), vai passar a ser taxado.

 

siga "Dizer não à taxa" © Facebook

 

 

Telemóveis, máquinas, cartões, cd's, discos externo, pen's, onde guarda fotografias digitalizadas ou qualquer tipo de transformação de um documento em digital: tudo o que se tratar de cópia e armazenamento de conteúdos, passará a ser taxado.

 

Mais uma vez, os partidos defendem-se no seu tradicional estilo, alegando que apenas seguem o que no exterior já é aplicado (França, Alemanha).

 

Como é curioso que nunca apliquem este critério para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos que (supostamente) servem, nomeadamente no que respeita às remunerações, ao controlo de preços nos bens, etc.

"Giro", não é?

 

"Da forma como o projecto de lei está elaborado, e com a evolução tecnológica, qualquer dispositivo de armazenamento de ficheiros vai pagar taxas obscenas, que inviabilizarão a sua compra. É o retrocesso de décadas, só os muito ricos terão poder de compra compatível com os preços propostos."

Ou seja:

Mantendo a população na cultura rasa será muito mais fácil subjugá-la.


Notícia da TSF: http://www.tsf.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=2235516
Notícia da Antena 1: http://www.rtp.pt/noticias/?headline=46&visual=9&tm=91&t=Projeto-sobre-lei-da-copia-privada-levanta-polemica-nas-redes-sociais.rtp&article=516550
Notícia da RTP: http://www.rtp.pt/noticias/index.php?t=Governo-disposto-a-colaborar-com-PS-nas-taxas-sobre-dispositivos-de-copia-privada.rtp&article=515629&layout=10&visual=3&tm=4

 


Actualização - nota adicional:

Apontamento sobre o impacto na criação cultural não oficial:

Lsoares: http://lsoares.blogs.sapo.pt/514935.html

"Curto e grosso. As ideias dos nossos políticos e das supostas sociedades de protecção dos autores enfermam de uma falta de visão e falta de noção da realidade e das tendências de evolução da criação cultural num contexto digital."

 

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Ohn? Hein? Foi?...´Tá fixe

"- Se tu fizeres num local fixe uma cena fatela contrabalança tás a ver, naquela, está num local fixe mas está fatela, enquanto que se fizeres num local fixe e estar fixe claro ficas mesmo bué mais fixe, se tiver num local fatela e buéda fixe também é aquela, é fixe mas tá aqui refundido e o caraças."

depoimento de Z.

in PAIS, José Machado, "Traços e Riscos de Vida", Lisboa, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa - AMBAR, 1999,  p. 189

 

- fotografia por M. Santos, Olhão, 2009 -

 

"Eu quando comecei não queria conhecer os gajos que faziam mais fixe, porque sabia que não fazia bem, nem queria vê-los, eu nem gostava muito porque, pronto, olha eles fazem bem que se foda não, mas queria fazer o máximo que podia para ganhar aquela fama, pá quando chegares... é como se deve não é à toa, muitos putos não fazem isso, não pensam na coisa."

depoimento de B.

Idem, p. 191.

Observações:

- estes jovens falavam de graffities e de tags.

- José Machado Pais, no seu estudo, além de sociólogo, desempenhou papel de tradutor.

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"quote"

"Uma actividade de lazer não se deve caracterizar

apenas pela sua prática mas também pela sua carga simbólica."

in PAIS, José Machado, "Culturas Juvenis", Lisboa,

Imprensa Nacional.Casa da Moeda, 2003, p.140.

Assassinos do tempo.

A ideia generalizada retida é a de que os nossos adolescentes e jovens adultos (faixa até aos 25 anos) são indolentes.

Na falta de um melhor termo, são uns moles.

"Não fazer nada" representa, aliás, uma das principais actividades características das culturas juvenis. Por seu lado, falar, conversar, estar (por estar) com os amigos representam dos mais frequentes modos de "não fazer nada".Os assuntos das conversas não têm de ser reais, podem ser histórias fictícias (...). O importante é ter ideias originais, e, algumas vezes, uns "copos" e uns "pós" - dizem alguns - ajudam a ter ideias originais.

Na Dorninha, por exemplo, alguns jovens emborrachados acham original, nas noites de fim-de-semana, interromper o trânsito, rebolando-se pelo chão, e insultando os estupefactos condutores por os não deixarem deliciar-se tranquilamente com o leito do asfalto.(...)

 

"Matar o tempo" envolve uma astúcia, uma perícia, uma arte que um bom assassino de tempo deve possuir (...). É neste "não fazer nada" que se produzem as solidariedades e identidades grupais; é nestas ritualidades que se geram as múltiplas construções (e distorções) juvenis da realidade.

Para alguns jovens, a melhor forma de matar o tempo é deixá-lo passar... não têm receio de ser atropelados pelo tempo. O futuro e a continuidade do presente. Um presente que é, por vezes, monótono(...).

No pólo oposto, há jovens que procuram ultrapassar o tempo, evadindo-se do quotidiano, vivendo-o o mais depressa possível, por entre pedradas, trips e viagens alucinantes. in PAIS, José Machado, "Culturas Juvenis", Lisboa, Imprensa Nacional.Casa da Moeda, 2003, p.131

 

 

A doença crónica de seu nome tédio: gente com muito tempo livre entre mãos.

A alucinação é total, quando o autor faz transcrições de disfuncionais diálogos ou descreve situações de violência despontadas porque alguém estava a roer as unhas ou porque apresentava um diferente corte de cabelo.

 

Este estudo abrange todas as classes, verificando-se padrões de comportamento semelhantes.

Em férias costumo ir para o Meco (...). Pá, costumo ir pá, com amigos, com a namorada e com os colegas, passamos lá montes de tempo, curtimos à brava campismo, nudismo e pá, 'tar à vontade, longe e perto da sociedade ao mesmo tempo, quer dizer, longe o suficiente para ninguém chatear e perto o suficiente pra uma gajo ir ao restaurante. (25 anos, artista, sexo masculino), idem, p. 137

 

As viagens constituem não apenas um domínio de afirmação juvenil como, por outro lado, esse domínio é utilizado para a realização de aspirações que para as gerações adultas só se concretizam a partir de poupanças conseguidas à custa do trabalho.

Alguns jovens que viajaram pela Europa com o sistema inter-rail acentuaram-me esse carácter difuso do "viajar pela Europa". Ao adquirirem o bilhete inter-rail não tinham em mente visitar um país concreto, mas usufruir integralmente do sistema de mobilidade. idem, p. 137