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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

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conceitos sob o ponto de vista do observador

Ficções Científicas e Fantásticas

"A voz tinha todo o peso de um corpo a ser deposto na sepultura. A profundidade insuspeita escavada pela doença oferecia metálico ao timbre vocal, à guisa de tinir da pá do coveiro."

in SOARES, David, "Holocausto e o Testamento de Laura Carvalho", AAVV, "Ficções Científicas e Fantásticas", s.l., Edições Chimpazé Intelectual, 2006, p. 25.

 

O rebuscado é só aparente e tem uma finalidade. "Holocausto e o Testamento de Laura Carvalho" é um conto muito curioso que reporta a um mundo dentro de outro mundo.

De destaque também "Páginas Arrancadas à História" de Rui Zink, um conto que lembra o imaginário de "1984".

 

"Ficções Científicas e Fantásticas" é uma colectânea muito simpática.

 

Conto popular centenário transformado numa anedota

 

Na passada semana, assisti ao violento homicídio de contornos escabrosos, do conto "O Capuchinho Vermelho".

Red Riding Hood não passa de um filme parolo e vazio de embalagem luxuosa, ao estilo novo rico.

 

 

Cinco dias decorridos, o meu cérebro ainda se questiona como foi possível esventrar um filme com todo aquele potencial:

 

  • uma fotografia quase exemplar, com imensos apontamentos que parecem sair das pinturas flamengas e/ ou do imaginário Grimn; no final, há uma ao estilo "Dolls" de Takeshi Kitano;
  • detalhes e mais detalhes no vestuário, cenários, apetrechos;
  • foi apresentado todo o imaginário meio taralhoco deste Conto - não nos esqueçamos que se trata de um conto sobre uma menina que fala com um lobo bípede...
  • a entrada de Gary Oldman num estilo Renascentista é deliciosa, digna de ser vista e revista;
  • um conto centenário, irrepreensível, anti-falhas.

Anti-falhas?
Aos 10 minutos, o meu subconsciente martelava as palavras de DS:

- uma má apropriação dos mitos pela arte; é apenas a introdução do exotismo para apelar à novidade.

 

Catherine Hardwicke violou este Conto só para enfiar à marretada a história de uma adolescente que não consegue decidir de quem gosta mais: se do lenhador ou do ferrEIRO?!!?!!?!!!

(pausa ++++++ a blogueira hiperventila tentando abrandar o ritmo cardíaco enquanto massaja a veia que palpita na têmpora).

 

Até uma avó "rasta-man" surge...

(pausa++++++ a blogueira choraminga)

 

É impossivel competir com um Bram Stoker deste modo.
Porque é que aquelas almas não intimam judicialmente Francis Coppola a pegar neste conto?!
No limite, entreguem isto a Tim Burton. Sinceramente, já estou por tudo.

 

Tremo ao imaginar o estrago que será se Hardwicke se lembrar da existência de Frankenstein.

A jovem Amanda Seyfried e Gary Oldman, coitados, esses fizeram o que podiam.

 

 

 

O Capitão das Sardinhas

"Então, como se se tratasse de uma revelação divina, chegou-lhe uma epifânica solução: faria uma coisa grande, uma coisa realmente grande que chamasse a atenção de toda a gente, que fizesse Emma cair irremediavelmente nos seus braços cheia de admiração. Por exemplo, fazer um atentado à pedrada ao Papa. Era uma boa ideia. Demonstrava coragem, constância e boa pontaria. (...)"

MANZANO, Manuel, "O Capitão das Sardinhas", Lisboa, Ulisseia, 2010, p. 81

 

Gabriel Saviela é um sociopata cego, perdão, invisual, farto de aturar a sua mãe. Manuel é um totó, perdão, emocionalmente deficiente, que perde o "amor de sua vida".

A história é simples, de faca e alguidar, caricata e de desfecho óbvio, com linguagem a roçar o javardo, mas divertida.

 

Syfy || "Viagem Fantástica"

 

 

 

Entre dois dedos de conversa, aquele punhado de objectos desperta o saudosismo por uma época onde o Fantástico era sinónimo de, espante-se!, Fantástico e o Terror podia co-habitar com o Científico, desavergonhadamente.

 

Para espreitar, no Cinema São Jorge, Lisboa.

 

Informação adicional:

- Expo Sy-Fy

- entrada gratuíta

Fernão Telles de Menezes, desemparedado

"Estão a ver pela primeira vez. Não há UMA fotografia.

As primeiras fotografias são as de hoje!! (risos)  Só há desenhos."
Dr.ª Marta Lourenço, investigadora do Museu da Ciência

 

No âmbito dos "100 locais - Comemorações dos 100 Anos da Universidade de Lisboa", a Politécnica ofereceu na sua visita o inédito e o insólito.
O tema, o "Eixo Chiado-Rato", versava sobre o edifício, as suas artes e funções, desde a sua construção inicial datada do século XVI.
Passamos pelo átrio, picadeiro, cavalariças e biblioteca.

Fiquei fã do Professor Fernando Pereira, com o seu entusiasmo ultra-contagioso.

O actual Museu encontra-se sobre as fundações da Quinta do Monte do Olivete.
O seu fundador, Fernão Telles de Menezes, "governador da Índia e depois do Algarve, ofereceu, em escritura de 18 de Dezembro de 1589, a sua Quinta do Monte Olivete para construção de um noviciado de jesuítas (Noviciado da Cotovia)."

O seu túmulo de seis (6) metros, andou a saltitar pelo edifício: primeiro na igreja do Noviciado, depois, "possivelmente no século XIX, durante a escola Politécnica, o túmulo foi transportado para as antigas cavalariças do Picadeiro, que entretanto foram transformadas em casas de habitação para funcionários da Escola e da Faculdade (...)".

Algumas cartas foram trocadas entre o inquilino e a direcção da Faculdade, dando conta de que haveria um túmulo de grandes proporções num dos quartos da habitação e como tal, era solicitada a sua retirada.
Sem resposta, o morador resolveu a situação emparedando o dito.

As diferenças entre as gravuras e o real saltam à vista, a começar pelos gigantescos e muito ornamentados elefantes.
Senti-me como um Indiana Jones de água-doce.

 

 

 

Link para o album.

 

Em óptimas condições de conservação, os trabalhos de limpeza estão prestes a iniciar-se e prepara-se a futura transferência para o seu local de origem: a igreja - actualmente o átrio do edificio.

Ainda que toda a situação seja caricata, não deixa de demonstrar a incúria e o abandono a que o nosso património cultural se encontra votado há anos. É o caso deste exemplar de Arte Funerária.

Na Politécnica pode ser visitada a exposição Memória dos Espaços da Politécnica.

 

 

 

Link para o album.

 

Informação adicional:

- SOS Lisboa

- Centenário

- Casa do Noviciado

open

@ Lisboa.

 

Percorrer ruas estreitas, intrincadas, de urbanismo caótico popular (infelizmente muito ao abandono) e escuras para desembocar em bolsas de oxigénio ordeiras, funcionais, estilizadas e luminosas.

O "pitoresco" e o "chique" (de outrora) que caracteriza a capital.