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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

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Assim Matam os Portugueses

Há dias, terminei algo singelo e dei-me conta de que vivemos rodeados de predadores no nosso pacato Portugal: desde os ajustes de contas italianos ao tráfico de Leste, da criminalidade brasileira à violência dos gangues do norte do país.

E nem a propósito.

 

"Assim Matam os Portugueses" é um livro que não pretende explorar o lado popularucho do assunto. Muito pelo contrário.
O assunto serve de mote para nos dar ferramentas que permitem algum entendimento em como tudo funciona, em como, num cliché, não existe o certo e o errado, mas sim, uma enorme gama de cinzentos.

No fundo, foca uma realidade com a qual desejamos nunca contactá-la, e que pouco tem a ver com o romanceado flash televisivo.
No fundo, foca uma filosofia que pressupõe a destruição de uma vida, por capricho, por egoísmo, por ganancia, por poder.
No fundo, é o Eu em detrimento dos outros.

Tudo com apontamentos caricatos (que rimos para não chorar) de situação insólitas: como a do sub-director da PJ do Porto que, para resolver de vez uma questão diplomática que se arrastava e impedia o término do processo criminal, ter de levantar um carro-prova que esteve um ano ao relento num parque Marroquino, e findo esse ano, o automóvel ainda ter de fazer mais de mil e quinhentos quilómetros pelo seu próprio pé (pneu!).

 

 

"Se Ariés reconhece que a consciência da morte é o fundamento da individualidade, bem se pode aceitar, com Antero de Quental, que é a consciência da finitude que entrega à vida num sentido ético-moral."

MARQUES, Ricardo, "Assim Matam os Portugueses", Lisboa, A Esfera de Livros, 2008, p.10

 

"(...) os "assassinos virgens": pessoas que não têm qualquer antecedente ou factores de perturbação na sua história que possam perceber que poderão cometer um homicídio." Idem, p. 17

""E também é verdade que, mesmo não existindo um mercado de assassinos profissionais, toda a gente tem o seu preço e, no contexto certo, qualquer um pode dar consigo disposto a fazer algo que sempre considerou impossível. A diferença está no limite de tolerância de cada pessoa."" - investigador da PJ. Idem, p. 29

"Subjacente a este tipo de crime existe sempre uma desvalorização absoluta do valor da vida. Quem se dispõe a fazer isto demonstra um desrespeito que resulta de falhas no desenvolvimento psicossocial das pessoas", explica. "E quem contrata outro para cometer o crime revela uma certa dose de cobardia."", (quanto à execução por encomenda), Idem p. 30

"Em Portugal, o amadorismo é mesmo a regra. A taxa de resolução de homicídios é da mais alta do mundo - para isso contribuem as mortes por honras, ou terras e discussões, que desde o Estado Novo definem o homicida nacional." Idem, pp. 34-35.

 

Não fique indiferente

 

 

presidenciais.com

 

  • Encontra-se desanimado com a classe política e papagueia que "são todos iguais";
  • Está um dia frio de Inverno e tem preguiça de levantar o seu rabo do sofá;
  • A sua esposa pretende ver a trigésima re-emissão da Operação Triunfo" ou a "Casa dos Segredos";
  • O seu marido pretende ver o jogo na RTP2 de Futsal sub 16;
  • A sua namorada quer ir almoçar e dar-lhe muitos beijinhos e como tal, já não tem cabeça para mais nada a não ser o desejo dos beijinhos;
  • Vai sair com o seu namorado e tem de ficar em casa a lavar o cabelo e a transformar o seu rosto numa tela Picasso;
  • É homem e acha que o direito ao voto na democracia é um conceito que foi apenas criado para ser desejado aquando sob uma ditadura e, caso recusado, algo que serve de legitimo para andar a destruir a cidade;
  • É mulher e acha que a luta pelo direito ao voto no inicio do século passado não lhe diz nada e conota tal com a queima dos soutiens;
  • Se acredita que numa democracia, o cidadão só tem direitos e não deveres (a não ser o de pagar impostos);

 

Não se apoquente.

Tenho para si 8 dicas válidas e sólidas, à sua altura, sobre o porquê de dever dirigir-se às urnas no Domingo de 23:

 

1. as urnas abrem bem cedo: poderá aí deslocar-se no caminho de buscar o pão para o seu pequeno almoço ou no caminho para o seu café na pastelaria da esquina;
2. é um encontro social: troque dois dedos de conversa com os seus vizinhos à entrada do edifício onde vota; recorde-se que poderá aí debater o último jogo da bola e como o seu clube foi desfavorecido;
3. pode contactar com o seu Presidente de Junta e restantes membros;

 

4. quem sabe, não tropeça num candidato ou outro politico para lhe dar um aperto de mão (um beijo) e tirar uma fotografia com ele?

 

5. não gosta de nenhum candidato: deixe o boletim em branco com uma mensagem. Não terá influência no resultado, mas contará para a sondagem, e pelo menos descarrega a sua frustração; Outra dica, seja criativo e desenhe um manguito;
6. para as senhoras, é sempre uma altura para ver quem anda com quem, quem emagreceu, quem engordou e quem marca a última moda;


7. é jovem, esteve numa noitada e bebeu uns copos a mais: não se preocupe que ninguém lhe irá pedir para soprar o balão além de que poderá mostrar a toda a gente o folião que é - o que nos remete para o ponto 2;

8. pode levar vestido o seu niforme de fim-de-semana: o fato-de-treino.

 

Independente das suas razões, não fique indiferente e marque pela (boa) diferença.

Mexa-se.

Banda desenha com muita "Tinta nos Nervos"

Ao longo de um punhado de salas forradas a pranchas, é-nos apresentada "Tinta nos Nervos". Uma exposição que reúne o considerado o melhor que se tem feito em Portugal de banda desenhada - atenção: não é ilustração, pode parecer a mesma coisa, mas é.

Até 23 de Março podemos recordar, descobrir, re-descobrir (alguns estiveram na BD Amadora) nomes e obras.

 

Tirem uma hora e meia para, com calma, lerem as pranchas e assistirem pelo menos, a dois dos mini-filmes.

Divirtam-se! :)

 

Link do vídeo

Filipe Abranches, "Os Pássaros" - 2009

 

"Apesar da sua história e diversidade, a sua legitimação cultural não tem conhecido a mesma fortuna que áreas como as da fotografia ou o cinema, dado que a percepção social sobre ela lhe lança um denominador comum básico, assimilando-a à literatura de massas, ao entretenimento infanto-juvenil, ao escapismo, etc..
Tinta nos Nervos é uma mostra de 41 artistas portugueses, na sua larga maioria ainda hoje activos, que exploram esta arte de um modo particularmente pessoal, expressivo e atento a questões estéticas contemporâneas."

Panfleto da exposição.

 

 

 

 

Link do album.

 

Informação adicional:

- entrada gratuita

- Local CCB, Lisboa

- até 23 de Março/11

Lagar de azeite - Quinta de Marquês de Pombal

O engenho, que deu origem a versões populares (um simples tronco de uma árvore com algum porte), é de traça erudita e complicada.
Este equipamento, como tantos outros similares (onde se englobam os moinhos), foi desmontado e vendido em peças com a entrada da era do carvão (séc. XIX) e o restante, votado ao abandono.

 

Em Abril de 2010, após cerca de 6 meses de conjecturas e de aprofundados estudos (os quais foram publicados), terminou a sua reconstrução - (o espaço em si, já funcionava há mais tempo como galeria expositiva e de eventos).

Um interessante exemplo em como tudo se aproveitava: o azeite virgem, o azeite para os "pobres", o azeite para as candeias e os restantes resíduos sólidos empastadas no óleo eram utilizados como combustível nos fornos. Trata-se de um complexo equipamento, que movimenta cargas de toneladas, e inserido num espaço cuidadosamente pensado. As próprias ferramentas de trabalho foram concebidas para uma total ergonomia, para um maior rendimento laboral.

 

Os detalhes dos encaixes para as madeiras não correrem ou o modo em como a gravidade é (foi) usada, é espantoso. Tudo pensado ao pormenor, tudo para ser o mais funcional possível.

 

A sua utilização é demostrado num vídeo. Aos interessados, deixo a parte central que mais directamente a ele diz respeito.

 

(link para o vídeo)

 

Trata-se de uma visita de grande carga teórica, cheia de detalhes não apenas sobre um engenho, mas também sobre os seus autores, os seus manuseadores e sobre a conjectura sócio-económica Portuguesa.

Merece uma visita.

 

 

 

"As propriedades que o Marquês de Pombal possuía em Oeiras englobavam oito olivais, cuja colheita era transformada no Lagar de Azeite. Em demasiada quantidade para ser exclusivamente destinado ao consumo próprio, seria provavelmente vendido em Lisboa ou até exportado. O lagar foi completamente abandonado e funcionou alguns anos como sala de arrumações. A sua recuperação que decorreu entre 1989/90 consistiu em compor elementos que se encontravam semi-destruídos. Na época foram recuperados alguns elementos arquitectónicos, assim como instrumentos destinados à produção de azeite."

CMO

 

- Mais fotografias.

- Glossário (1) e (2).

- Horários e demais informações.

Meu Querido Diário,

Sei que alguém* lê as minhas parvoeiras, quando me diz:

- "Estas músicas pertencem às que afundam navios?"

Ao que eu respondo com um ar confuso que rapidamente passa a esbugalhado, enquanto mentalmente enalteço a boa memória dessa pessoa.

E esta hein?

 

*não se englobam aos "suspeitos do costume" aos quais, mais ou menos, vou impingindo os meus testes, i.e., fotografias/ filmes e tiradas intelectualóides caseiras.

Oh! A bela luz opaca de Lisboa.

 

 

 

 

 

E o meu cabelo que mais parece a trunfa de Marco Paulo nos áureos anos 80?

Nunca um gorro pensou algum dia, desempenhar um papel tão preponderante no meu quotidiano...

 

Com tanta humidade neste Inverno, sinto-me a transformar num Homem Verde galego.

Rui Zink responde

Três questões que são largamente debatidas. Rui Zink, em Anibaleitor chuta-as para canto, com uma limpeza de mestre.

 

 

Menino - Fosga-se, ler é bué seca e não tenho tempo porque "a gaja pôs-me down bué devagar" e tenho de ver a Morangada e a temporada três mil do Lost (ou outra novela, perdão, série qualquer "máscula" e muito "moderna e fashion").

"Ler é fazer as coisas acontecerem na tua cabeça! Não é ficar feito ruminante a olhar para uma parede falante!" (...) "Pode parecer o mesmo, pá, mas é exactamente o contrário. Olha-me este..."

(ZINK, Rui, "O Anibaleitor", Lisboa, Teorema, 2010, p. 49)

 

Pseudo-Intelectual - Ai pobre de mim, não consigo deixar um livro a meio, sinto-me mal, sinto-o como uma derrota. Tenho de forçar a leitura. O poder da mente sobre a vontade! (blabla blá).

 

"Não tens de gostar de tudo, sabes? Estar disponível é também estar alerta. A tua cabeça não é um caixote do lixo dentro do qual se despejam livros. E se um pastel não te souber bem, vais comê-lo na mesma?"

Idem, p. 68.

 

Menina - Vou no quinquagésimo volume da Charlaine Harris, "O Sangue Rosa da Orfã Virgem Vampírica", e acho o máximo! É sempre uma surpresa!

 

"Não há grande mal em muitos livros serem só para entreter. Os piores são os que não passam de hambúrgueres (...)". "O problema é que, se não te pões a pau, ficas destreinado de usar os dentes e, quando te apetece bife suculento a sério, parece-te duro".

Idem, pp. 62-63.

MAP - Em Construção

Como será e conhecimento de todos, encontra-se aberto ao público o emblemático Museu de Arte Popular.

Ainda a decorrer obras de restauro e de recuperação/ organização expositiva, de momento apenas apresenta aos seus visitantes o historial deste edifício assim como um conjunto simbólico de peças de Arte "popularucha" - oh, o saudosismo Português.

 

 

Nesta altura, a deslocação vale por se tratar do edifício que é: um exemplar Estado Novo, com pinturas murais de alguns dos mais conceituados pintores Portugueses.

 

 

Nota negativa para a iluminação que em nada favorece o espaço ou as (poucas) peças: aquele capote, pejado de pequenos detalhes e de bordados, merece ser admirado em condições. Pessoalmente, deveria encontra-se de modo a permitir a sua observação em 360º.

 

 

 

Estranhei a inexistência de catálogo, que mais não fosse, um conjunto de fotocópias com a interessante informação apresentada nas salas. Após questionar junto do balcão, fica-se a saber que apenas para meados de Junho arrancarão as (grandes) exposições, a abertura das restantes alas, catálogos...

 

 

 

Também de frisar, que é um local "not turist friendly": bastaria um pequeno chamariz e informação bilingue, para que mais turistas-do-pastel-de-nata metessem lá o nariz, i.e., euros nomeadamente na loja com objectos "very typical" - da "Vida Portuguesa".

 

No todo, a visita é agradável e aconselha-s. Um espaço, a meu ver, cheio de potencial, e não apenas para "cacaria" das bisavós.

Para um final de manhã de Domingo (como aquele de nevoeiro cerrado), esta será uma boa opção  para quem não apetece ficar a vegetar na cama/ em casa.

 

Informação adicional:

- entrada gratuita aos Domingos e feriados até às 14:00.

- Vídeo sobre a abertura.

- alguma história.

 

 

 

Nota:

Lamento as fotografias de interior desfocadas, mas segundo parece, ao bom estilo Português do esconde-esconde, é proíbida a captação de imagens (esquecem-se do potencial do público que só se desloca a estes sitios para captação/ exploração fotográfia, dos que gostam de ser captados junto de uma peça mais conhecido, do passa palavra, ect. Haja pachorra!)

No entanto, mesmo estes medíocres exemplares fotográficos, parece-me o suficiente para mostrar o espaço que, sem dúvida, deve ser visitado.

 

# Proteja as obras. Seja criativo. Não use o flash.