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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

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conceitos sob o ponto de vista do observador

46+1 = T21

"O Cromossoma do Amor" é um livro de afectos de Maria Pitta Gouveira (Bibá Pitta - ai como detesto diminutivos...).

Mãe de cinco crianças, este despretensioso livro foca o modo como toda a sua família e sociedade da sua convivência quotidiana lida (lidou) com a "falha de competência social" de Madalena, a sua 3ª filha: portadora de trissonomia 21 ou síndrome de Down.

 

A narrativa é intercalada com testemunhos de familiares, educadores, terapeutas e médicos (muito esclarecedor a participação de Miguel Palha).

Maria Pitta Gouveia (a optimista) e o seu marido Fernando (o realista) não acalentam falsas expectativas para o futuro e demonstram perfeita noção da razão pela qual o acompanhamento materno é possível assim como a educação dada ("tenho condições para os educar").

 

Neste livro, somos alertados para coisas tão triviais cuja importância vemos por vezes escapar na nossa vivência com os nossos filhos/ sobrinhos/ primos que não nem sofrem deste défice cognitivo:
 

- aprender a esperar: cada um tem o seu timming;
- a importância do carinho: nenhuma criança é mimada de mais só por receber beijinhos extra - ninguém fica "estragado";
- a dificuldade em gerir os afectos quando existem mais crianças no seio da família.

 

 

Algumas notas retidas pelos vários testemunhos:
 

- o maior problema de portadores de trissonomia 21 é a expressão oral (devido também a razões fisiológicas);
- dois objectivos incutidos aos pais são: o de ensinar aos seus filhos o comportamento convencial - tão ou mais que a linguagem, e o de encontrar um papel a desempenhar na sociedade que seja relevante;
- são pessoas muito emotivas na demonstração de afectos;
- devem ser respeitadas as fases escolares destas crianças - o livro descreve sucintamente quais são;
- a estimulação desde cedo é muito importante;
- ensinar/ aprender a lidar com o estigma da diferença;

- as inquietações sociais de uma menina que dentro em pouco se tornará adolescente.

 

Previno (novamente) que é um livro de afectos, escrito na primeira pessoa com tudo o que tal acarreta: as descrições por vezes caem no campo um pouco da "família idílica".

Mas afinal, É um testemunho!

De leitura fácil, nada invalida de ser um útil manual que nos oferece um primeiro contacto, por vezes cruel mas muito realista, de todas as incertezas, medos e desilusões pelos quais os pais passam quando tomam conhecimento que o seu filho não se encontra dentro dos padrões.

 

"O Cromossoma do Amor" é muito recomendável.

 

GOUVEIA,  Maria G. de Viterbo Pitta, BAPTISTA, Inês de Barros, "O Cromossoma do Amor", Viseu, Difel, 2009.

MUDE, vai ver que não custa nada.

... pelo menos até 01 de Julho.

 

MUDE, sigla para Museu do Design e da Moda, estará aberto ao público de forma gratuita até ao próximo dia 1 de Julho.

 

No espaço das antigas instalações da Caixa geral de Depósitos, apresenta aos seus visitantes as obras/peças/mobiliário/ mais mediáticos de todos os ícones da Moda e outros que estiveram directa ou indirectamente ligados com um determinado Movimento (ex.: Le Courbusier...)

 

Infelizmente, é proibida a captação de imagens das peças (a parvoeira de influência estatal) e infelizmente não as consigo encontrar na net.
 

Contudo, deixo pelo menos a referência de um punhado de peças que têm de pertencer ao meu roupeiro, perdão, que têm de ser apreciadas:
- o fato de banho de malha de lã preta, plástico transparente e cinto de verniz de Rubi Gernreich (Suíça) para Harmon Knitwear;
- o vestido Kiki de Montparnasse (2000) de Jean Paul Gaultier: seda e missangas - colecção alta-costura Out/Inv, 2000;
- o vestido cai-cai Mod 49 - alta-costura, Inverno 1999: ganga e penas.
- o vestido de cocktail (anos 60) de Pierre Cardin: tecido lã preta, aplicações de metal prateado.

Cristiano Ronaldo, aqui fica a minha lista de prendas.

 

Para além deste deslumbramento feminino, temos acesso a concisa e pertinente informação nos placards e ainda:
- a peças hilariantes de Cesare Casati (italiano) tais como a "Pilola" (são uns candeeiros) e a cadeira Ribbon;
- à famosa cadeira Bubble de Eero Aarnio - recorreu à iconografia futurista com a chegada à Lua;
- à estranhíssima alta-costura de Kenzo, Rei Kawakuza, Yohji Yamamoto e Issey Myake (na imagem) - apresentam propostas sem genero definido: o extra-large, as assimetrias e os cortes irregulares;
- mobiliário de Shiro Kurata: cadeira de malha de aço "How Hight the Moon" (1986), de aspecto deveras desconfortável;
- peças do quotidiano utilitário geniais: telefones, rádios, utensílios de cozinha, etc.

 

O espaço em si é... diferente. Está todo escavacado (é o termo que melhor o define).
Os balcões são os mesmos e reconheço o espaço do 1º piso.
Tanto, que o cheiro a Banco no hall parece permanecer - na escada de acesso, a da entrada à direita, é mais perceptível (não é o cheiro destas delegações mínimas): cheira a... a antigo, a madeira, a papel, a produtos de limpeza aplicados sobre mármore.
Quem conhece as grandes delegações antigas (BES, Montepio, a CDG), sabe a que me refiro. Cheira a Banco.

Desconfio que a minha memória trabalhou bastante para conseguir uma eficaz auto-sugestão.
Sempre é uma explicação alternativa ao estar a ficar louca...

 

No site estão disponíveis vídeos tanto sobre a colecção como sobre os diferentes Movimentos.

Art Déco

Art Déco, algumas ideias a reter:
 

- desenvolveu-se no 1º quartel do séc. XX;
- acentuado decorativismo, elementos estilizados e geométricos;
- as suas origens remontam ao movimento Arts and Crafs (século XIX) e no Modernismo de Aústria;
- a Art Déco, buscou a racionalização de espaço em movimentos de vanguarda tais como o Cubismo, o Futurismo e o Neoplasticismo
(ajuda para memória visual: Cubismo - Picasso, Futurismo - Boccioni, Neoplasticismo - Mondrian)

- nos ateliers os artesãos das várias áreas (desde os têxteis à cerâmica, da joalharia ao mobiliário) trabalhavam em parceria na produção de peças;
- a classe média tornou-a numa moda;
(desde a Exposição Universal de 1889 foi inserido e desenvolvido o conceito da vulgarização da peça de arte, coabitando o artístico com o industrial)
- "oficialmente" o término deste gosto deu-se com a Exposição Internacional de Artes decorativas e Industriais Modernas (1925), por saturação.

 

 

Algumas foram as vozes discordantes com esta crescente união industria/decorativismo/arte.

Entre eles os arquitectos Auguste Perret e Le Corbusier: enquanto que o primeiro defendia que a Arte Decorativa deveria ser suprimida, o segundo dizia não passar de uma ferramenta.

 

< o arquitecto Auguste Perret > (...) "Para começar, eu gostaria de saber quem é que juntou as duas palavras: "arte" e "decorativa". É uma monstruosidade: onde existe a verdadeira arte não e necessária a decoração."
(...) "Le Corbusier escreverá também" (...) "A grande arte vive de meios pobres. Os fulgores ficam bem na água".

@ folhetim informativo - Art Déco e seus inimigos, 24/06 - 20/09/2009, Museu Colecção Berardo.

 

Honestamente?
Só um gajo poderia dizer uma barbaridade daquelas. pft.

 

 

Até 20 de Setembro estarão no Piso 0 do Museu Colecção Berardo, a exposição Art Déco e seus inimigos.
 

Aqui poderão ser apreciadas algumas peças de mobiliário mais emblemáticas que foram organizadas de forma engraçada e que dividiria em 3 partes:


- a primeira com imensos exemplares de cadeiras Art Decó e alguns (outros) móveis, permitindo que fiquemos com a ideia geral do gosto: linhas mais lineares (em comparação com a Arte Nova) mas com muitos detalhes decorativos;
 

  

  

 

- a segunda, como que uma divisão, uns lindos exemplares de cerâmicas e vidros (qualquer um deles, ficaria um espanto na minha sala - excepção à mesa de vidro, que é um pouco espampanante), o que nos permite assimilar o que vem a seguir;
 

- a terceira, toda a modernidade reflectida no quase contra-movimento das vozes que se insurgiam: linhas austeras, destaque na utilização do metal.

 

 

 

Alguma info:
- AAVV, Um Século de Artes do Fogo (1890-1990) - Colecção Pádua Ramos, Lisboa, Electa, 1994;
- Folheto disponibilizado na Exposição

 

Local:

- Museu Berardo, CCB, Lisboa.

- Entrada gratuíta.

Ding-Ding!

"117 anos de ascensor na Bica" ou "Coisas giras para se fazer num Domingo de manhã chuvoso".

 

Não eram 10:00 e já me encontrava a deliciar com um café, perdão, com uma bica num calmo Largo do Camões, num dos Quiosques de Refresco que foram recentemente recuperados em Lisboa.
 

 

Destino?

Ascensor da Bica.

 

 

No âmbito da comemoração dos 117 anos do Ascensor da Bica, a Carris organizou uma pequena iniciativa, só mesmo para marcar a ocasião.


Ao chegar, somos recebidos pelos acordes da Banda da Carris. Depois de degustar (mais) um café na barraquinha montada para o efeito na paragem, os interessados podiam levar uma caricatura pelo "artista de serviço" (muitas gargalhadas podiam ser audíveis enquanto o hábil lápis percorria o papel).

 

Link do vídeo.

 

Contornando a paragem, comecei a subir, ainda ao som da Banda.
Chegando ao Largo de Santo António, toda a minha coragem para fazer o percurso de regresso a pé esmoreceu:

- "Fogo! O meu pequeno-almoço não foi assim tão forte!"

- pensei eu para os meus inexistentes botões.

 

Naqueles miseráveis e cruelmente íngremes 40 metros, todo o meu fôlego tinha desaparecido.
- "Que se lixe a fotografia do pátio! Vou é pedir boleia de volta....!"


Link do vídeo
A vergonha de não passar do Pátio de Santo António.

 

E assim fiz e lá fui, "formosa e segura", despejada no cocuruto da Rua da Bica de Eduardo Belo, sempre a ouvir as histórias de bairro e aquele "ding-ding" tão familiar.

 

 

Infelizmente, toda a zona mostra alarmantes sinais de degradação (ainda mais que a parte "nocturna" do Bairro Alto e acredito que nos dias de calor, o cheiro seja insuportável.

 

 

No painel informativo pode ler-se o seguinte sobre o Ascensor da Bica:


"É o mais recente dos Ascensores de Lisboa, tendo sido inaugurado em 28 de Junho de 1892.

Funcionando pelo sistema de cremalheira e contrapeso de água, a que se seguiu o vapor, estabelece ligação entre o Largo do Calhariz e a Rua de São Paulo.

Foi electrificado em 1927.
Em 2002 foi classificado como Monumento Nacional."

 

Visita virtual à Fundação das Casas de Fronteira e Alorna

Tropecei no site de um dos locais mais emblemáticos de Lisboa: o Palácio Marqueses de Fronteira.

Aí está disponível uma visita virtual ao Salão das Batalhas.

 

Infelizmente, não mostra a Sala dos Painéis, aquela que por gosto meramente pessoalmente, é a minha de eleição: em tempos idos, contaram-me que deteria a maior concentração, em bom estado e no local original, de azulejos Holandeses na Europa.


Mas o mais caricato é ver a diferença entre estes e os concebidos pelas mãos dos portugueses, mesmo as das oficinas mais hábeis.

Mais ainda, quando notamos que, perante os enganos aquando da recolha das dimensões dos espaços, o desenrascanço português não coibia os artífices que os aplicavam, de cortar parte das composições para que estas coubessem/ encaixassem.

Isto fez com que algumas figuras nos pareçam actualmente estranhamente mais delgadas, árvores com ramos que acabam abruptamente, cenas onde faltam partes dos cocurutos das personagens... colunatas e/ ou outra arquitectura de aspecto atracado.
Genial!

 

Palácio Marqueses de Fronteira, ora aqui está um local a rever. (^^,)

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