A Taschen editou um livro onde, numa síntese lança algumas luzes sobre o movimento New Media Art.
De fácil leitura e com muitos exemplos expostos de forma clara, finalmente vi respondidas algumas das minhas inquietações.
Mesmo para alguém que não entenda arte moderna e contemporânea (essa carapuça também é minha), o truque para compreeder o genérico de um Movimento é tentar perceber o que o seu nome nos pode dizer.
Depois bastará juntar um pouco de senso comum e algumas peças do quebra cabeças que à nossa frente se apresenta.
Alerto no entanto, que não resultará para as suas subdivisões, variantes e contra-movimentos: o Cubismo Analítico, o Informalismo ou o Suprematismo...
Alguns exemplos simplistas:
o "conceptualismo" = o conceito
o "dadaísmo" = o gágá --> os doidos (os gágas) que faziam ruídos e outras intervenções (aparentemente) sem nexo
o "ready-made" = o que já está existe
a "media art" = utilização dos média
O New Media Art (perdão, "new-mídia-árt"), como a maioria dos "néós", é uma resposta ao Media Art e une um pouco dos termos acima apresentados.
Parece a mesma coisa, mas lendo este livro, facilmente consegue-se perceber diferença (oh, se tudo fosse assim tão simples).
O movimento New Media Art identifica o conjunto de projectos que recorre às novas tecnologias e "que se preocupam com as possibilidades estéticas, culturais e políticas dessas ferramentas". (p.6)
Faz a junção de Arte e Tecnologia (as ferramentas com o fim mais prático: ex. a robótica, genética) e a Media Art (as tecnologias que recorrem aos media).
Recorrendo à internet, é a partir de 1990 que ganha expressão.
É a ruptura perante o domínio do vídeo e da instalação nas exposições e nasce na plataforma online, com troca sucessivas de emails entre as comunidades.
Mas o curioso, é o facto de muitos destes artistas serem programadores de software que para além do seu trabalho "oficial" vão desenvolvendo a sua estética.
O seu suporte não será uma tela mas a internet. A sua galeria não é física nem estática nas móvel e que se pode alterar a cada segundo.
A NetArt e os seus intervenientes identificam-se como um colectivo e não como indivíduo. Exemplo disto é o grupo R(tm)ARK.
É uma arte que parte da premissa da partilha, principalmente com as crescente restrições impostas pelas indústrias discográficas, software e afins.
Não será então de estranhar que estes artistas se considerem (sejam?) "hackers".
"Um hacker é um esteta", pode ler-se sobre aqueles que usam o seu conhecimento em prol da comunidade e não "maliciosamente".
Reafirmo: o principio da New Media Art é a da apropriação e a da partilha.
Alguns dos autores do Linux podem ser encontrados neste movimento.
Mas é também uma arte que recorre muito à participação do público, que recorre aos subterfúgios da internet, ao anonimato, que usa os media como veículo e não como fim, que coloca em causa a usurpação de identidade, o excesso de informação pessoal a que as empresas têm acesso, a recuperação das tecnologias obsoletas, o sexismo e que não têm qualquer pudor em captar a fotografia de uma pessoa através de câmaras de vigilâncias.... "hackadas".
E sempre no limiar da (i)legalidade.
JANA, Reena, TRIBE, Mark, "New Media Art", Taschen