Patos há muitos!
Em plena zona tórrida de Portugal, situa-se em Alpiarça a Casa dos Patudos.
Esta casa-museu, que aos poucos vai retomando o seu esplendor com as profundas obras de limpeza e de consolidação estruturais do edifício, é de autoria de Raúl Lino.
O desenho dos telhados e das chaminés, não podem passar despercebidos.
O proprietário foi José Relvas "um homem decisivo para a implantação da República".
Uma personagem que deverá ter vivido a sua importante vida política com um profundo vazio no seu ser: sobreviveu à morte de todos os seus filhos - o que não sucumbiu à doença na adolescência, um destacado músico de trinta e poucos anos, suicidou-se logo após ao seu casamento.
Por enquanto, somente o 1º piso se encontra aberto ao púbico.
Naquelas 18 salas, o visitante perde-se entre as riquíssimas artes decorativas de todos os cantos do mundo e entre algumas das mais importantes obras de pintura do século XIX e XX.
Como não seria de estranhar, nomes como Bordalo Pinheiro, Machado Castro Silva Porto, Columbano, Ramalho, pautam as paredes.
Muita arte sacra a vulsa e muitos azulejos dos séculos XVI a XVIII, "surripiados" quiçá a quintas ou a conventos no inicio do XX - uma prática comum que sem dúvida terá salvo muitos da destruição.
A sala das colunas é para mim, a mais estranha pela ilusão óptica que provoca: o espaço encontra-se dividido ao centro por um conjunto de colunas provocando a impressão de atravessarmos um espelho.
(esta mesma sensação de desequilíbrio tive-a na casa-museu do Arquitecto Horta - Bruxelas, Bélgica, plena Arte Nova).
A nota negativa vai para os têxteis em péssimo estado de conservação, desde os cadeirões aos canapés: a equipa do Palácio da Ajuda devia lá dar um salto e fazer jus ao seu nome e dar uma mãozinha nos trabalhos de conservação.
Como curiosidade, o espólio esteve desaparecido cerca de 7 anos até ser encontrado em Itália pela Policia Judiciaria.
Os jardins são ainda um estaleiro e o piso de acesso, interdito (*coft-coft*), mas consegue-se já adivinhar a beleza rural neles contidos, enquadrados por uma planície a perder de vista.
Com 5.500.000 Eur, seria aqui (ou em algo similar) que os investiria: (para mim) o verdadeiro luxo e requinte.
Tudo o resto, ainda que caricato e/ ou divertido, não passa de fogo de vista.
Informação adicional:
- história da Casa dos Patudos - CMAlpiarça
- na wikipédia
- a entrada é este ano, gratuita;
- a Casa nem é assim tão fresca, como eu esperaria, mas serve para fugir ao tempo abrasador.
- confirmar sempre se no dia da visita se encontra aberta ao público
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