The Fall
"Googly, googly, googly,
I'm not afraid of you."
The Fall dos realizadores David Fincher e Spike Jonze.
Apesar de conceitos similares, em nada tem a ver com a rudeza ou contexto de Fauno.
No entanto, a menina encontra-se num país estranho ao seu devido "às pessoas zangadas" e mais uma vez o fascínio das crianças é aqui usado.
1) Fotografia
Senti como se desfolhasse um livro de estórias ricamente ilustrado, mas que em vez de pinturas, desfilassem à minha frente personagens de carne e osso.
Personagens exóticas e muito teatrais retratadas segundo a visão de uma criança daquele tempo (inícios do século XX):
- um africano é um guerreiro que anda de tanga e chapéu de chifres,
- um indiano com as suas faustosas vestes,
- um inglês como um frágil mas excêntrico biólogo,
- um extrovertido e colorido cossaco,
- o herói teria de ser um cowboy espampanante e de mascarilha, etc.
Todo o filme é um hino à boa fotografia levando ao limite toda a potencialidade do local.
Com ângulos belíssimos e composições deveras interessantes, a câmara leva-nos pela África do Sul, Índia, Reino Unido, Bali, Fidji, Itália, Espanha, Praga, Roménia, China, Argentina, Chile, Brasil, Turquia, Camboja e Egipto.
2) O filme
O filme roda em torno de um duplo de cinema, Roy, que teve um grave acidente que o atira para uma cadeira de rodas.
Mas não é sobre isto que recai o filme.
Este aborda o coração partido de Roy. E é por isto que procura pôr termo à sua vida.
Entra em cena uma menina, Alexandria, que recupera de uma queda e que em troca dos capítulos da estória que Roy alimenta, procura conseguir "morfin3"* a seu pedido. (*MORFIN3 = MORFINE, ao verem o filme, perceberão a piada).
É um filme de emoções.
A relação entre os utentes - principalmente o velho, as confusões de diálogo de Alexandria de 5 anos favorecido pelas limitações de linguagem (não só pela idade mas por a actriz Catinca Untaro ser romena) e a forma como Roy (Lee Page) tenta acompanhar o seu raciocínio são hilariantes (quem lida/ lidou com crianças daquela idade percebe que elas são mesmo assim: não é uma questão de má ou boa representação).
As emoções de tristeza crua, são tocantes.
A linha entre a fantasia e o real não é ténue.
Estamos sempre conscientes de que o Hospital não pertence ao mundo da fantasia.
E tão depressa o idilico se transforma num horrifico pesadelo.
Catinca Untaro não é actriz. Ela é simplesmente uma menina de 6 anos. Nada mais.
3) A música
A banda sonora é muito suave contando com a participação da Orquestra Sinfónica da Bulgária.
Às tantas ficamos ainda mais colados ao ecrã quando perante nós se desenrola uma espantosa interpretação de "Mystical Directions to Odious" por Ketut Rina e Tarsem (no vídeo em baixo).
Não percam o filme e não percam o seu site.
Aqui, o trailer.
>> 10/10 (*****)