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smobile

conceitos sob o ponto de vista do observador

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"I ❤ television"

Nuno Sanches, “O futuro da televisão” – TEDx Cascais, 2012

 

3:29 – é média de consumo de televisão despendida por pessoa.

Assiste-se a uma alteração de paradigmas no respeitante à televisão:
- hoje, socialmente dar a conhecer o gosto pelo consumo de televisão tende a ser um tabu;
- a consciência da presença de uma relação emocional interna;

- a percepção de que “ter televisão” deixou de significar a aquisição de um equipamento físico, mas a compra de um serviço;

 

- o broadcast, conceito que existente desde a invenção da televisão, dá lugar à unicast, ou seja, a uma televisão/a um canal personalizado;
- a percepção da perca de poder da publicidade perante um espectador que se recusa a usar o seu tempo para a consumir;

 

- a abordagem anónima (anonymous) baseada no conceito de criação de canais com o intuito de alcançar o máximo de públicos, dá lugar a uma televisão que nos reconhece (authenticated) – ou seja, não tanto os dispositivos que reconhecem fisicamente o utilizador, mas o conhecimento dos seus gostos, tendências, consumos;

- o conceito de plataforma fechada (closed), onde o telespectador não detém poder opinativo nem opcional é substituído por uma plataforma aberta (open). Esta nova plataforma parte maioritariamente do princípio de que cada um constrói o seu próprio conteúdo (ex.: os vídeo-logs), bastando para tal “um Mac e uma câmara”. Isto permite a diminuição de custos das empresa, nomeadamente os de distribuição.

A tendência futura:
- será a fusão da internet com a televisão e pela massificação destes conteúdos e não pelo suporte como são (serão) difundidos: tablet, telefone, etc.
- a consciencialização de uma evolução: equipamento ---->  serviço ---- > plataforma ---> público (investimento em).

Anotações retidas da comunicação de Nuno Sanches, “O futuro da televisão” – TEDx Cascais, 2012

 

* * *

 

E um "I ❤ TV" aplicado à Cultura?

 

Se o futuro é a “era do utilizador”, é a produção de conteúdos pelo grande público, questiono a qualidade dos mesmos e se serão esses conteúdos que pretenderemos ver.

No entanto, ao fazer a ponte com o focado por Júlio Garcia, no debate em torno da PL118, a mais-valia para esta “era” passará pela eliminação (ou diminuição) de intermediários, fomentando um discurso directo com os autores (com a produção):

“A questão dos direitos de autor na era digital não é um problema das indústrias. É um problema dos autores. As indústrias estão em transformação e caminham para a extinção, mas os autores não. Nós consumidores temos é que proteger os autores. Temos que lhes comprar diretamente a produção. (…)”

“A estratégia para os autores é simples. Manter custos baixos e fazer chegar a sua produção a esse enorme mundo que é a internet. Já não necessitam de estar confinados a um país, podem vender para o mundo todo, ao mesmo tempo. A internet proporciona a ubiquidade necessária. Porquê vender apenas para um mercado específico se podem vender para todo o mundo ao mesmo tempo? (…)”

in Júlio Garcia, As gravadoras, os direitos de autor e os SOPA de vida.


A fusão da internet com a televisão, poderá permitir isto.

E as possibilidades em torno da Cultura são inúmeras. Tendo presente que a cadeia elitista pretende manter a sua posição na restrição continuada de acesso a obras, esta “nova era” poderá “obrigar” que a restrição se dê quase exclusivamente perante o conteúdo apresentado e não a factores externos tais como o preço, local, distribuidores.

 

Falo aqui da reprodução televisiva de óperas ou dança contemporânea, de teatro experimental (e mesmo o do clássico), de curtas-metragens, de qualquer obra de autor, de experimentações que não são fomentadas ou dadas a conhecer dado o número reduzido de público.

Este estreitamento com o público, o qual não implica a massificação identificada com a televisão, depreende um consumo como produção.
Mas para tal, há que negociar os processos de apropriação e ultrapassar os problemas de aquisição.

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